sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Trecho abortado
[...] Tinha uma coisa. Quase abortada, quase arrancada a faca de seu mundo. Quase tão morta quanto a flor seca no livro. Seria possível? Depois de tanto tempo... Depois de tantas tempestades e fucarões. Depois de tantos dias áridos no sol escandante. Seria aquilo o que lhe fez tanta falta em uma manhã como aquela? Em uma manhã que nada deveria ser diferente. Discou os números que não havia esquecido. A voz preencheu seus ouvidos com a precisão de um tiro. Seu coração bombeou mais sangue que o normal. Era aquilo. Agora tinha tudo. Todos os órgãos que lhe faltavam estavam ali trabalhando juntos. No entanto, a busca eterna por algo que nunca encontraria parecia interessante. A solidão era sempre melhor. Desligou o telefone. Acendeu o cigarro. Menina besta, essa, me deixa, me joga, me mata e ainda me faz querê-la. Andou pelos bares brigando com qualquer rapaz que lhe olhasse. Bebeu todas as gotas que lhe couberam no estômago. Vomitou o último líquido que havia em seu estômago. Aquilo era melhor. Era melhor que olhar aquele rosto tão lindo. Que acordar todas as manhãs sentindo aquele perfume doce. Sentir o cheiro do café logo cedo. Segurar nos longos cabelos e ouvir um sussurro quente nos ouvidos. Era melhor! Era melhor. Era melhor... Era melhor?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Oi Natália, tem um selo pra vc lá no meu blog. Dá um pulo lá!
ResponderExcluirAbraço!
Gostei da repetição da frase final. Gostei também do modo como compôs o texto, tudo muito bonito,muito limpo
ResponderExcluirah,estou te seguindo
^^
Baseado em fatos reais? Belos escritos
ResponderExcluir